* Escrito por Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
Inúmeros leitores me enviaram mensagens pedindo que eu critique o "lamentável" Big Brother Brasil. Estão impressionados com a baixaria e com a mediocridade. Exigem comentários firmes e esclarecedores. Parece que cada ano fica pior. Se de fato isso acontece, é um fenômeno. Não é fácil piorar o que é ruim por essência. Fico feliz em ser identificado como porta-voz dos indignados. Quem sabe, por obra do destino, não me transformo num paladino da moral e dos bons costumes? Eu me vejo bem no papel de guardião dos altos valores sociais. Assim como vejo o Romário no papel de deputado. É só uma questão de tempo. Podia ser depois do futevôlei.
Mas não posso comentar o BBB. Não vejo mais. Em outros tempos, por razões profissionais, sou professor de crítica de mídia, eu via. De resto, via tudo avidamente, embora, diante das visitas, inventasse uma desculpa tipo "é só para discutir com meus alunos". Quer dizer, tudo o que podia. Não vejo mais. Perdi o pique. Estou velho e seletivo. Conta-se que a ditadura militar atrasou a entrada do controle remoto no Brasil a pedido da amiga Rede Globo. A empresa de Roberto Marinho temia perder audiência se as pessoas pudessem mudar de canal sem sair do lugar. Eu uso o controle remoto impiedosamente. Baixou o nível, mudo na hora. Sinto-me o dono do mundo. Na boa. Conheço um cara que mira o controle remoto na mulher. Como não funciona, troca as pilhas e segue tentando.
Em vez de me aborrecer com a baixaria do BBB e com o besteirol do Pedro Bial, vejo "Ribeirão do Tempo". É uma novela legal. Já me diverti muito com o prefeito Ari Neto, conhecido como Ari Jumento. Tem pouco prefeito Ari por aí. Mas o que tem de jumento. É o tipo de crítica social e política que me agrada. Tem também o professor Flores, de História, que foi torturado durante a ditadura, essa mesma ditadura que a Folha de S.Paulo chamou em editorial de "ditabranda", lembrando-se, talvez, do seu apoio aos administradores fardados, cujos arquivos, apesar de a esquerda já estar no seu terceiro mandato presidencial, ainda não foram abertos. Recomendo para todos: a novela e o controle remoto. Sou noveleiro.
Outra recomendação que faço, embora saiba da resistência que ela provoca, é a leitura de livros. Não tem contraindicações. Se não forem os do Paulo Coelho. Sou contra a tortura e a autoflagelação. Tenho dificuldades para entender o que leva alguém a ver aquilo que lhe faz mal. Quem viu o BBB1, viu todos. A única coisa boa é que, dificilmente, fica alguma coisa na memória da gente. O nada não ocupa espaço. O BBB, desde o começo, pode ser traduzido como Baita Baixaria Brasileira. A fórmula, porém, é estrangeira. É preciso pagar royalties pela baixaria. Outra possibilidade é, na praia, olhar a lua e as estrelas. Mas não se pode apontar com o dedo que cria verruga. Minha tia querida, que já partiu, também não nos deixava abrir os braços na porta. Não prestava. Que coisa! Só que dava uma vontade maluca de abrir. Uau!
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
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