terça-feira, 19 de abril de 2011

COMPLEXIDADE EM EDUCAÇÃO

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

Ontem, falei aqui das dificuldades de ser complexo. É muito complicado. Daí a preferência de alguns pelos simplismo. Em educação, complexos e simplistas travam batalhas e mais batalhas. O nostálgico pedagógico adora dizer que no seu tempo era melhor. Antigamente é que era bom. De que tempo se fala? Do século XX da Primeira ou da Segunda Guerra Mundial? Do nazismo ou do comunismo? Das ditaduras sul-americanas ou da Guerra Fria? Antigamente é que era bom: o professor ensinava e o aluno aprendia. A maioria esmagadora da população era de analfabetos. Eta, tempo bom! Conheço um sujeito, latinista deslumbrado, cujos raciocínios confusos me impressionam, que vive dizendo: "Quem estuda latim pensa com mais clareza".

Os nostálgicos desse passado mítico defendem a volta do "ensino tradicional", algo como disciplina férrea, tabuada na ponta da língua, ditado todo dia, os afluentes do Amazonas na memória, alunos levantando quando o professor entra e, se duvidar, aula de moral e cívica. Estou, claro, simplificando. Sonham com um tempo em que memorizar era decisivo, pois não havia memória artificial. Querem voltar à era pré-Google. Já os novos pedagogos apostam no lúdico, na liberdade e na construção do conhecimento pelo principal interessado, o aluno. Costumam detonar as chamadas aulas expositivas, aquelas em que o professor fala e o aluno escuta. Ou finge. Exageram um pouco. As aulas podem e devem ser lúdicas. Mas sempre haverá a exigência de uma pontinha de sacrifício. Também se aprende ouvindo. Ou ninguém pagaria R$ 200 mil por uma palestra do Lula. Nem haveria público para o Fronteiras do Pensamento. Ou é puro espetáculo?

É mais difícil ser professor hoje: precisa convencer, encantar, mobilizar e liderar. Não funciona na palmatória, no grão de milho, no castigo ou no discurso de autoridade. É mais fácil ser professor hoje: há mais informação disponível e mais meios tecnológicos de acesso a essas informações. Quem busca soluções simplistas para problemas complexos, pensa assim: precisamos reprovar mais. É a "doma" tradicional. Na paulada. Sempre me revoltou uma coisa na administração do ensino: o aluno cursava, sei lá, seis matérias num determinado ano da escola. Rodava numa. Era obrigado a repetir todas. Por quê? Porque a escola não sabia se organizar de outra maneira para oferecer-lhe a repetição da disciplina em que fora reprovado permitindo que avançasse nas outras. Para ficar nessa linguagem crua, a punição era desproporcional ao erro. A questão maior era de custos.

Obrigava-se o aluno a repetir tudo por uma questão de economia. Era mais fácil e mais barato inseri-lo totalmente na turma seguinte. Ainda é? Sou professor universitário. O nível dos alunos que nos chega a cada semestre é muito bom. Não fica atrás, por exemplo, do nível da minha turma, que entrou na universidade em 1980. Em alguns aspectos, os alunos de hoje são superiores. Por exemplo, em domínio de língua estrangeira. Chega de nostalgia. Cada época produz o seu imaginário pedagógico.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

DEPOIS DOS TRINTA...

Todos deveriam nascer depois dos trinta anos, a vida seria bem melhor. Casar depois dos trinta, namorar depois dos trinta, fazer sempre uma faculdade depois dos trinta. Escolher nossas amizades depois dos trinta, frequentar lugares depois dos trinta. Quantos erros seriam evitados, quantos acertados teriam acontecido. Errar é preciso...acertar também...Para muitos a vida tem sentido dos vinte aos trinta anos, quando vão dar conta terão quarenta anos mal vividos. Para outros a vida tem sentido dos trinta aos quarenta anos, vão perceber que a vida não teve sentido antes disso. Para outros a vida terá sentido aos sessenta anos. Para a maioria, porém, a vida nunca terá sentido, e eles nunca saberão disso. São paradigmas de vida...ou da vida. Escolhas conscientes..inconscientes.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

PESSOAS FELIZES ESCREVEM MENOS

Um grande escritor recentemente falecido mencionou certa vez que que quando estamos felizes ou "de bem com a vida" temos dificuldade em escrever. Tal citação realmente tem certo sentido. A felicidade inibe a criatividade no ato de escrever. Imagino a dificuldade de colunistas que escrevem diariamente, independente do humor e do estado de espírito. Estar triste, angustiado, infeliz, ansioso...tende a levar as pessoas a escreverem com maior facilidade, seria um bom caso de estudo isso, uma boa pesquisa a ser desenvolvida. Realmente pessoas felizes escrevem menos....